Fora de tempo...

Estar fora do tempo. Tentar inclusões. Respirar, e esperar. Ouvir, falar, guardar, acolher, amar... Sempre.

26.8.09

Salve o tricolor paulista!



Coisa de quem ama o São Paulo Futebol Clube, e ama o Nando Reis..

(Texto de Nando Reis - Coluna Boleiros do Caderno de Esportes do Estado de São Paulo)


"Não é de hoje que vêm essas manifestações preconceituosas e intolerantes por parte da torcida do São Paulo contra Richarlyson. O motivo? A suposta orientação sexual do jogador que, segundo seus detratores, não condiz com o padrão de virilidade necessário à arquitetura idealizada por aqueles que desenham o protótipo do jogador.

Seja nas arquibancadas, onde as torcidas uniformizadas omitem o nome do jogador na saudação tradicional que fazem aos atletas que entram em campo, seja nas numeradas, onde a cada eventual erro do bom jogador as ofensas vêm sempre carregadas de veneno homofóbico. Na semana passada o chefe de uma dessas torcidas uniformizadas declarou que algumas atitudes do jogador fora de campo não “pegam bem” para os são-paulinos. Como todos sabem, os torcedores rivais se referem aos tricolores como “bambis”, caracterização agressiva que pretende ridicularizar a torcida com essa associação considerada desprestigiosa dentro do restrito universo mental dos trogloditas. Para esses, “futebol é coisa de macho”.

Como são-paulino, digo apenas que me sinto completamente desincompatibilizado com a rejeição que a torcida tem ao jogador. Não que haja algum tipo de decepção, porque há muito eu já desisti de esperar qualquer coisa dos homens, principalmente quando se reúnem e se manifestam coletivamente. Se a unanimidade é burra, a coletividade é estúpida. Em geral, nos grupos sempre acaba prevalecendo a ideia mais rasa, a superficialidade das opiniões sem autenticidade, dos clichês banais, da incapacidade de um pensamento próprio, da falta de ousadia e da falta de coragem de discordar. Chega a ser engraçado pensar que um bando de seres humanos, covardemente protegidos pelo anonimato da multidão, se deem ao direito de se erguer com bravatas e insultos contra um indivíduo que tem a coragem e a força de não se submeter às convenções. Desses sujeitos diferentes eu gosto, os respeito e admiro.

Na verdade, me sinto desconectado desse tipo de pensamento, desse tipo de atitude, dessa ideia obscurantista que há – e muito – nesse ambiente careta do futebol. Vou ao estádio para me divertir e me emocionar com o meu time, nada mais. Com a torcida, pouco me identifico. Acho que as torcidas são todas iguais, elas agem da mesma maneira tendenciosa e irracional. Os gritos são quase sempre de afrontamento e para hostilizar. Todas as torcidas crucificam os seus “Richarlysons”: ou por serem pretos demais, ou homens de menos, baixos ou gordos, sempre haverá um “defeito” que os acusadores encontram para não olharem para os seus próprios. O incômodo que causa a figura de Richarlyson é emblemático de um dos grandes medos do homem – não ser tão potente quanto desejaria. Na face do camisa 20 do São Paulo, imagino que cada um daqueles que o ofende veja o seu próprio rosto, numa dolorosa e indesejável projeção: os calvos veem ali a juventude perdida com a ausência dos fios de cabelos, os maridos infiéis veem ali sua desonestidade vergonhosa e repetida , as mulheres infelizes com seus corpos veem ali a incerteza de não se saberem admiradas, os insatisfeitos com seus empregos veem ali o temor de não serem tão capazes quanto supunham.

A cada ofensa que é disparada ao jogador são-paulino pela sua própria torcida, fica evidente a dificuldade que existe em aceitarmos aqueles que são diferentes: os extraordinários, os rebeldes, os inconformados, os insubordinados, os que desafiam o senso comum. A mim pouco interessa se Richarlyson prefere peixe ou porco: além do seu competente futebol, sua inabalável conduta me cativa como um admirador ainda maior."

Nando Reis

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21.8.09

A luta de todo dia



Racionalizar ou sentir?
Pergunta óbvia de todo dia...

Entre mortos e feridos, um cd que não sai do meu ouvido.
Amanhã tem churrasco com amigos e showzinho para a fã ludovica que sou!

Luta livre
(Ludov)

"Abram alas pro novo espetáculo
Vejam todo tipo de ridículo
Pegue o seu lugar
Guarde outro lugar
Contratei barato um novo número
Meu coração em luta com meu cérebro
até algum cansar
até algum parar

Ah, e saia o que estiver no meio
O conflito ainda vai ficar feio
A briga já vai começar
Ah, agora já não tem mais jeito
foi um belo golpe do peito
o cérebro não vê direito
já está com defeito
e vai se entregar

Quando toca o gongo pro intervalo
cada um descansa do seu lado
Um vai raciocinar
O outro se empolgar
Um revisa todo seu vernáculo
O outro se orienta com um oráculo
É hora de voltar
hora de voltar..."

***

19.8.09

Tempo é só tempo



Não adianta esperar.
O tempo corre e vai por si só.
Apenas porque é tempo.
E hoje, preciso, urgentemente de um tempo.
Pra respirar, relaxar e ouvir sem parar o cd novo do Ludov, Caligrafia.

Vinte por cento
(Ludov)

"Hoje acordei vinte por cento
Hoje eu não aguento sair pra conversar
Hoje tive um sono conturbado
Levantei pro lado errado
peço uma colher de chá

Amanhã, amanhã, amanhã
Amanhã conto piada
Amanhã dou gargalhada
deixa a noite me curar

Amanhã, amanhã, amanhã
Amanhã eu pulo o muro
Amanhã meu bem eu juro
que te levo pra dançar

Hoje tô com preguiça da cidade
Quebrando copo em tempestade
Ah, esse tempo vai virar
Não para de chover, não para
Enquanto houver neblina
eu não vou me recuperar..."

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6.8.09

Sempre em frente



O melhor caminho ainda é aquele feito com os próprios pés, sem guia, sem direção certa. Mesmo que no meio haja perda, todo caminho solitário leva, inevitavelmente, a um encontro consigo mesmo. E, muito mais que um encontro, às vezes, há um reencontro.
Poder olhar nos olhos da pessoa amada e reencontrar a certeza do amor. Certeza que se perde em meio a tudo que é a vida, no dia a dia, nas impossibilidades da rotina, na imaturidade pessoal.
E é errando, indo por caminhos tortuosos que podemos enxergar a realidade.

'Pois é no não que se descobre o que te sobra além das coisas casuais' (Los Hermanos)

A vida sempre terá negativas.
E nessa hora, a verdade transparecerá.
O que se esconde não pode ficar escondido pra sempre. Uma hora aparece, não só o que estava reprimido, como todos os desdobramentos desse sufocamento.
Estou feliz por poder ter reencontrado dentro de mim o que realmente importa.
A certeza de um amor que não acaba, nem se dissolve no ar.
Uma certeza que quero levar vida afora.

06/08/09
00:55 hs

"This is not what I'm like
This is not what I do
This is not what I'm like
I think I'm falling for you..."
(Magic Numbers)

4.8.09

A sinuca


Às vezes as melhores palavras vêm cantadas...

O pouco que sobrou
(Los Hermanos)

"Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim
por onde eu devo ir?
A vida vai seguir
Ninguém vai reparar
Aqui neste lugar
eu acho que acabou
Mas eu vou cantar pra não cair
fingindo ser alguém
que vive assim de bem

Eu não sei por onde foi
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar
o pouco que sobrou
Eu tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
e a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
manda essa cavalaria
que hoje a fé me abandonou..."

***